A Ansiedade dos 5 anos

- Cinco anos, Gabi?

Isso mesmo. Você não leu errado: há 5 anos que estou me programando para embarcar nesse incrível mundo de au pair.
Se quiser contar a partir do dia que soube da existência do programa, aumentam para 6 ou 7 anos. Mas, na época, eu não tinha a garra, a esperança e a persistência que tenho hoje. Isso tudo - repito: na época - era resumido em "durice de cabeça".

Já passei por tantos altos e baixos. Já tive tantas experiências "não muito agradáveis" - para não dizer péssimas -, passei por momentos de dúvida, de dívida, momentos de término de namoro, momentos de atar namoro, momentos de não ter ninguém por conta do programa. Já quase desisti da faculdade para ir, já quase abandonei a ideia de ir, já tive dinheiro suficiente pra ir, já gastei dinheiro mais que suficiente para ir e para voltar através de outras formas de intercâmbio...

Mas tudo isso serviu de experiência. Não é à toa que o que tem me dado forças para seguir a diante nesse último semestre tem sido a fixa ideia de que daqui a, mais ou menos, trezentos e sessenta e cinco dias estarei com data de embarque marcado. Ou antes. - Que Deus me auxilie para isso!

Às vezes eu me pergunto qual o porquê de eu insistir nessa ideia de fazer um intercâmbio através do programa de Au Pair. São tantas outras opções, já fiz tantas outras pesquisas, mas nada me seduziu tanto, nenhum outro tipo de programa fez meu coração pulsar tão firme e tão constante. Deus deve ter planos maiores do que minha vã e regredida consciência podem imaginar. Assim prefiro pensar.

No entanto, quando leio o blog das meninas que estão nos últimos dias aqui no Brasil, já com match, visto, cartões de embarque, não consigo não pensar na possibilidade: e se isso nunca acontecer comigo? Isso mesmo! E se, por um insano gozo do destino, nada do que venho planejando der certo? O título do blog é "Lado B", e não "Plano B"¹. Não tenho, ainda, um plano B. Não sei se já falei disso alguma vez, mas se já felei, estou repetindo: não tenho plano B. Meu plano A é cuidar de terminar minha faculdade, juntar grana e embarcar. E mais: embarcar como au pair. Não tenho planos, por enquanto, de sair do país por outra via - mestrado? ahn?? o que é isso?!

Embolam-se neste meio de campo muitos sentimentos: estou ansiosa por terminar meu curso, assim como estou ansiosa pois não tenho um tema de monografia definido - mesmo sabendo que tenho apenas três meses para começar, desenvolver e terminar -, ansiosa por começar a ver o processo andar e... medo... medo de que os planos não se realizem, receio de deixar o otimismo descer ralo abaixo. E raiva. raiva de mim por cair nesses pensamentos negativos e impróprios para quem tem um longa caminhada pela frente antes conseguir sentir o sopro desse sonho ainda mais próximo.

Apesar de conseguir, algumas vezes, driblar essas pensamentos, há dias, como hoje, em que eles vêm arrebatando todo e qualquer tipo de fé. Fé em mim mesma e nos meus próprios pés. Sei que devo buscar a paciência e a temperança, mas nem todo dia eu consigo. Há dias em que nem "fazer nada" ajuda. Mas tenho a consciência de que é comum isso e que tudo isso pode ser mero drama do dia. Mas precisa falar. E falei.

"Ainda guardo no peito aquele pulsar desenfreado de quem não sabe a medida de amar" [d'aquilo que não se cala] 

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¹nota pessoal: explicar, rapidamente, o título do blog.